O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, morreu na terça-feira (13), aos 89 anos, em sua chácara nos arredores de Montevidéu. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que destacou o legado de Mujica como “presidente, militante, referência e líder”. Mujica lutava contra um câncer no esôfago desde abril de 2024 e passou seus últimos dias sob cuidados paliativos, ao lado da esposa, Lucía Topolansky. Conhecido internacionalmente por seu estilo de vida simples, Mujica presidiu o Uruguai entre 2010 e 2015 e ficou marcado por doar grande parte de seu salário a projetos sociais, dirigir um Fusca azul dos anos 1970 e viver em uma casa modesta. Durante seu governo, o país se tornou referência em políticas progressistas, como a legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da maconha, além da redução significativa dos índices de pobreza. Antes de chegar à presidência, Mujica foi guerrilheiro do grupo Tupamaros, enfrentou a ditadura militar uruguaia e passou cerca de 14 anos preso, parte deles em solitárias e sob tortura. Após a redemocratização, ajudou a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), foi deputado, ministro da Agricultura e senador, sempre defendendo a integração latino-americana e a justiça social. A morte de Mujica gerou repercussão mundial. Líderes políticos e movimentos sociais destacaram seu papel como um dos grandes humanistas contemporâneos e entusiasta da integração regional. Em dezembro de 2024, o presidente Lula condecorou Mujica com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria do Brasil a estrangeiros. O legado de Pepe Mujica permanece como exemplo de ética, simplicidade e compromisso com a democracia e os direitos humanos.