A Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (CIPPA/Lençóis) encontrou 24 animais silvestres mantidos sem autorização em uma residência da comunidade de Passa Quatro, em Livramento de Nossa Senhora, sudoeste da Bahia, na manhã de domingo (17). A ação começou depois que a unidade recebeu denúncia pelas redes sociais sobre a posse de uma arara-azul, espécie ameaçada de extinção. Com consentimento do morador, os policiais localizaram no terreiro três periquitos-jandaias, a arara-azul, quatro papagaios, nove jacus e sete preás. Por causa da quantidade de animais e da falta de meios imediatos para transporte, o responsável assinou termo de fiel depositário: ele deve manter os bichos sob custódia até que uma equipe do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Vitória da Conquista, faça o resgate. A CIPPA lembra que criar fauna silvestre sem licença ambiental é crime e sujeita o infrator a sanções penais e administrativas.
A Igrejinha de Santo Antônio, localizada na comunidade do Passa Quatro, em Livramento de Nossa Senhora, no sudoeste da Bahia, completa 90 anos em 2025 e se consolida como um dos mais antigos e importantes símbolos da religiosidade popular do município. A história e os detalhes da tradição foram resgatados em entrevista concedida por Lia do Passa Quarto ao radialista Léo Nunes, disponível na íntegra no Instagram da prefeita de Livramento de Nossa Senhora, Joanina Sampaio. A origem da capela remonta a 1935, quando Antônio Silva, tio-bisavô de Lia, gravemente enfermo, fez uma promessa a Santo Antônio pedindo a cura. “Se esse santo dissesse pra mim mesmo ‘eu existo’, eu faria alguma coisa por ele”, narra Lia. Após se recuperar, ele cumpriu a promessa e, com o apoio da comunidade, escolheu o local onde a igrejinha foi erguida. A construção foi um verdadeiro mutirão: moradores cavaram barro no próprio terreno, buscaram água no rego próximo e fabricaram os adobes ali mesmo. Crianças, jovens e adultos se revezaram no trabalho, incluindo uma beata que colaborou até os 110 anos de idade. A primeira missa de inauguração aconteceu em 1936, após a colocação do cruzeiro e a realização dos primeiros trezenários, tradição que se mantém viva até hoje.
Lia recorda que, mesmo com o acesso difícil na época, a fé da comunidade nunca esmoreceu. “As mães gritavam para as crianças terem cuidado, os idosos eram amparados, e tudo era improvisado. Hoje temos corrimão, mas naquela época era na raça”, relembra. A ligação entre a festa do Passa Quatro e os trezenários de Santo Antônio é marcada pela participação de diversas comunidades vizinhas. “A igreja é pequena, mas a frequência é enorme. Gente de toda a região vem participar, pedir graças e agradecer”, afirma Lia. Em 1985, a capela ficou fechada por seis anos devido a questões de posse do terreno, mas a tradição não foi interrompida: as celebrações passaram a acontecer em um ranchinho na praça da comunidade. A reabertura só foi possível após a regularização da escritura, com a doação do terreno por um morador local, e a união de esforços para reaver a chave da igrejinha. Os preparativos para os 90 anos envolvem toda a comunidade. A abertura dos festejos acontece neste sábado (31), com alvorada, queima de fogos e o início do tradicional trezenário de Santo Antônio, que se estende por treze noites de oração, música e devoção. “Convido todos a conhecerem o Morrinho de Santo Antônio e participarem dessa festa de fé e esperança”, diz Lia. A trezena de Santo Antônio, tradição presente em várias cidades do Nordeste, é um dos pontos altos do calendário religioso de Livramento de Nossa Senhora e reforça o sentimento de pertencimento e união entre os moradores do Passa Quatro e visitantes de toda a região.
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