Uma funcionária da Prefeitura de Itapetinga e seu irmão estão no centro de uma das maiores movimentações financeiras já detectadas em operações contra desvios de verbas públicas na Bahia. Segundo relatório da Polícia Federal obtido na Operação Dia Zero, Barbra Wailes Sá, que recebe salário de apenas R$ 3,3 mil como servidora municipal, movimentou, junto ao irmão Allan Wailes de Holanda Cavalcanti, cerca de R$ 97,2 milhões entre 2013 e 2020, valor considerado totalmente incompatível com sua renda declarada. As investigações apontam que Barbra figurava como sócia da empresa Medical Solutions, utilizada como intermediária no esquema de desvio de recursos do Instituto Nacional de Tecnologia em Saúde (INTS). Parte expressiva desse montante, cerca de R$ 23 milhões, teria sido operada em dinheiro vivo, o que, segundo a PF, é indício de pagamento de propina e tentativa de dificultar o rastreamento dos valores desviados. O relatório detalha que a movimentação financeira envolvia emissão de notas fiscais sem a efetiva prestação de serviços e transferências entre empresas ligadas aos investigados. O esquema também contava com repasses para contas de familiares, incluindo a própria Barbra, que, apesar do baixo salário, movimentou valores milionários em suas contas bancárias. A Operação Dia Zero revelou ainda que o grupo utilizava estratégias sofisticadas para lavar o dinheiro, como saques em espécie, aplicações financeiras complexas e aquisição de bens de alto valor. O caso segue sob investigação, e a Polícia Federal aponta que o volume de recursos desviados pelo núcleo ligado a Itapetinga chama atenção até mesmo em comparação a outros escândalos recentes envolvendo a saúde pública no estado.
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